Entrevista - por Adélia Prado

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntou cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.

Adélia Prado

A tarada num carro - por Ana C. Pozza

Eu não minto
Eu invento
E se tomo vinho tinto
Logo me esquento!
Quando sinto,
Eu tento.
Percorro o labirinto,
Busco o vento.
Arranco o teu cinto,
Deixo-te sedento
Aí vejo o teu pinto E sento!


 Ana C. Pozza

Um microconto erótico - por Pepino Circense

- Garçom, por favor, mesa pra dois.
- Mas isso aqui não é um restaurante, é uma casa de swing.
- Ah, então mesa pra quatro.

Pepino Circense

Nua - Por Isabel Machado

Porque me despes completamente
sem que eu nem perceba...
E quando nua
por incrível que pareça
sou mais pura...
Porque vou ao teu encontro
despojada de critérios...
liberto os mistérios
sem perder o encanto
do prazer...
Porque
quando nua
sou única
e exclusivamente
tua...


Isabel Machado

Monumento - por Tchello

Monumento tu nua num momento sem nem um movimento

Tchello

Boa dieta - por Friederich von Logau

Carlota dissera ao seu doutor
Que lhe agradava, de manhã, fazer amor,
Embora à noite a coisa fosse mais sadia.
Sendo ela prudente, resolveu
Fazê-lo duas vezes ao dia:
De manhã, por prazer
De noite, por dever.


Friederich von Logau

Amante das letras - Por Leila Mícollis

Não te importas com os homens que dormem comigo; 
mas morres de ciúme dos versos 
que faço pra eles. 


Leila Mícollis

Teu fruto - por Carlos Seabra

Chupo teu fruto na moita que o vento açoita com a boca afoita que grita como louca que goza como vento e geme como mulher  Carlos Seabra

Quem ri quando goza - Por Alice Ruiz

quem ri quando goza
é poesia

até quando é prosa

Alice Ruiz

Ménage à trois - Por Nome Palavra

O fantasma do marido da viúva, não a deixava em paz. Mesmo depois dela ter casado com outro rapaz. Dividia com os dois seu corpo tão desejado. Ciúme, inveja e intriga, eram coisas do passado. Gostava de se gabar: era a única viúva assim, duplamente casada, dona de dois maridos. Vivia mais que enganada, mal sabia aquela flor: não era dona de nada.


Nome Palavra

Foto: Gustavo Martins

Sugar e ser sugado pelo amor - Por Carlos Drummond de Andrade

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar e ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.

                                                                         Carlos Drummond de Andrade

VIRA-VIRA - Por Helder Herik

a barriga
virou abdome
o sovaco
virou axila
o cachorro
vira-lata
a mãe
virou a cara
o pai
virou fera
a filha
virou filho


Helder Herik

Conheça o trabalho do Helder em: http://www.blogdohelderherik.blogspot.com/

Bebedeira - Líria Porto

 se o amor voltar eu me desvio

escondo-me num fundo de bar

fujo do cio

se o amor me quiser de novo

não me vai encontrar

afogo-me no copo de um bêbado

num cubo de gelo

cubro-me com chope ou uísque

eu me bebo

se o amor vier

não vou querê-lo

amor é vício

Líria Porto

o sino - Por Santa Maria

foto: Gregoria Correia

havia um gigantesco na torre da capela,

outro pequenino na guirlanda natalina,

e numa delicada flor com formato parecido.

Mas o que mais ouvia badalar

era aquele oculto entre suas coxas.

Santa Maria

outra variação, outra - por Nina Rizzi

em te sonhar fiquei tão santa

que agora pra me comer

só de joelhos.

Nina Rizzi

Dela - por Neusa Doretto

A abandonada

Um dia abandona

E do nada

Vira dona

De si

só

Nega os medos

(e se entrega aos dedos

escorrendo

líquida

E certa

por

ela

aberta)

Neusa Doretto

Anas, Terezas e Joanas. Por Stephany Metódio

Por fora formas farsantes, estética que condenava a delicadeza interior. Alma feminina num corpo de mentira. Moravam ali Marias, Anas, Terezas e Joanas...mulheres e mais mulheres encarceiradas num corpo que não lhes pertencia. Vaidosas, criativas, feiticeiras e inteligentes. Transvestidas de macho. Machucando-as.

Stephany Metódio 

Conheça o trabalho da Stephany em: http://www.enxadadaescrita.blogspot.com/

Qualquer lugar serve! - Por Klébia Sampaio

Fino, grosso, longo, cores variadas, não dá pra definir uma forma única, a variação é a graça e o atrativo. Pouco importa se a forma é cilindricamente ideal,o melhor é o prazer que ele proporciona.Ahhh !!! E como é bom!!

Sei de gente que acorda de madrugada com uma vontade incontrolável, e se não tiver um por perto , se irrita , fica triste e volta dormir cheia de vontade.

Algumas pessoas tem suas preferências, mas dependendo do momento e situação, qualquer um serve.

O local tem que ser minuciosamente escolhido, não dá pra se sentir a vontade em todos os lugares, mas, quase sempre acontece na rua mesmo, não dá pra segurar a vontade, e é em público mesmo, dependendo da ansiedade, do nervosismo, da emoção e desejo: é procurar qualquer cantinho acender o cigarro e dar aquela relaxada.

Klébia Sampaio

Conheça o trabalho da Klébia em: http://www.jarrimdefulo.blogspot.com/

Sucumbo - Por Fernanda Alves

Me joga na cama,
No sofá, no tapete da sala,
Em pé, sentada ou deitada,
De todo jeito você consegue me pegar
Me deixa sem reação,
Me faz sonhar
Me leva às nuvens
Me joga pra lá e pra cá
Em noites tão quentes
Me faz transpirar
Me embala gostoso
Me deixa tão louca
quando desaparece
Mas quando toma conta de mim
Me invade, me domina
Me deixa mais louca ainda
A seus pés, nada posso fazer
Me rendo, sucumbo, me jogo
Me deito e então me entrego
Me tomas,
certeiro, impiedoso,
intenso e voraz!
Esse SONO que não passa,
que não me deixa em paz!

 

Fernanda Alves
Conheça o trabalho da Fernanda Alves em: http://www.youcango.blogspot.com/

Pau pra toda obra - Por Alexandre Revoredo

                                          Foto: Marcos Campos

Saíra de Paudalho para morar em Paulista. Sua bebida predileta era pau-do-índio. Foi numa festa em Pau Amarelo e chegou bêbada em casa. Levou um pau do marido. Matou-o com um pedaço de pau. Foi presa pela "Paulícia". Morreu na prisão paupérrima. Aquela Paula era uma predestinada.

                                                        Alexandre Revoredo

Conheça o trabalho do Alexandre Revoredo em:http://www.apalavraacesa.blogspot.com/ 

Poemeto I - por Tiago West

Emoção, razão

A lógica do defeito

Coração na mão 

E cérebro no peito.

 Tiago West

Frutos e Flores - Por Marina Colasanti

Meu amado me diz

que sou como maçã

cortada ao meio.
As sementes eu tenho
é bem verdade.
E a simetria das curvas
Tive um certo rubor
na pele lisa
que não sei
se ainda tenho.
Mas se em abril floresce
a macieira
eu maçã feita
e pra lá de madura
ainda me desdobro
em brancas flores
cada vez que sua faca
me trespassa.

                                              Marina Colasanti

A difícil vida fácil! - Por Alexandre Revoredo

   Estudar para estatística, comprar lingerie, ler Marx enquanto faz as unhas, trabalho de cálculo, academia, aeróbica (1 hora), anunciar nos classificados, malhação, agendar compromissos, escovinha enquanto lê a sessão de economia do jornal, atender clientes (4, só a tarde), depilação, acessórios sexuais, aguentar o gerente do banco, gordo, peludo e suado, trabalho em grupo, sexo grupal! Ufa! e há quem diga que essa vida de garota de programa universitária é fácil.

Alexandre Revoredo

Conheça o trabalho do Alexandre Revoredo em:http://www.apalavraacesa.blogspot.com/

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Brincadeira de criança

  Era divertido demais. Na rua os amiguinhos adoravam brincar de pique-esconde. Foi nessa mesma época que ele ganhou o apelido de “esconde-pica”. Eram malvadas aquelas crianças.                                                                        Nome Palavra

Boemia - Por Fernanda Alves

Boemia,
Aqui me tens toda tua,
Inteira,
Nua,
Entregue aos teus encantos,
Teus prazeres, teus vícios,
Teus acalantos.
Me envolve, me aquece
Me entorpece e
Me toma,
Que eu sou toda tua,Inteira,
Nua.                                                           Fernanda Alves


Conheça o trabalho da Fernanda Alves em: www.youcango.blogspot.com
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A, B, C ,D, Erotismo... - por Carlos Seabra

ALMOFADA
Ao sonhar com o namorado, Débora dormia abraçada com a almofada. Ao acordar, ela estava toda molhada.


BINÓCULO
Com um binóculo na mão e uma parte de seu corpo na outra, o jovem voyeur esquadrinhava metodicamente todas as janelas da vizinhança.


CRUELDADE
Supremo requinte da crueldade, ela lambia os dedos depois de comer chocolate, saboreando o súbito silêncio dos colegas no escritório.


DECOTE
Seu decote chamava tanto a atenção que, naquela noite, até os olhares que não a fitavam ficaram ruborizados.


                                                       Carlos Seabra

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Sossegue o coração - por Paulo Leminsky

Sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora


calma calma 
logo mais a gente goza
perto do osso

a carne é mais gostosa

Paulo Leminsky

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Segura o segurança... - por Nome Palavra

   Aquele rapaz de gestos delicados vivia a observar o segurança de seu prédio. Invariavelmente daquela cabeça (!) brotavam pensamentos libidinosos. Certa vez por ocasião de uma discussão com o síndico, foi empurrado pelo segurança e, transtornado, mandou-o tomar no cu...e ele tomou!

Nome Palavra

hoje, grande estréia!!! - por Nome Palavra

   Era sua primeira vez, e como primeira vez não poderia esperar algo melhor. Estrear já era o suficiente. Apesar da dor de levar um pau na bunda, aprendeu a gostar, sabia que aquilo era o que mais queria para si, a sua vida, a sua verdade, doesse em quem doesse!

                                                                  Nome Palavra

Milena - por Cida Pedrosa

Gosto quando milena fala

dos homens
que comeu durante a noite

é a única voz soante
nesta cantina de repartição

onde todos contam:
do filho drogado do preço do pão
do sapato carmim, exposto na vitrine
da rua sicrano de tal do bairro
de casa amarela
onde você pode comprar
e começar a pagar apenas em abril

sem a voz de milena
o café desce amargo

                                               Cida Pedrosa

Na cama com Elvis - por Nome Palavra

   A mãe era fã de Elvis __um grande talento, dizia. Motivo mais que suficiente para batizar seu filho com o nome do artista. Tamanha foi a sua decepção quando aos 14 anos seu filho declarou: Mamy, a senhora me fez Elvis, mas eu queria mesmo era ser a Madonna!!!

                                                                     Nome Palavra

Padecer no paraíso - por Nome Palavra

   O curso de enfermagem era realmente o melhor. Não só pela pontualidade e competência dos professores, muito menos pelas aulas práticas de primeiros socorros, onde se simulavam deliciosas respirações boca a boca e se roçava (ainda que de leve) o corpo no seio de uma suposta vítima. Era bom principalmente por todas aquelas lindas futuras enfermeiras, carentes e calientes. Era um harém, e o melhor: não havia um homem sequer para concorrência. Ana Maria realmente estava no paraíso.

                                                          Nome Palavra

Fé demais - por Nome Palavra

  Nascera no corpo errado. Pêlos, pênis e pomo não lhe serviriam de nada. Após a cirurgia, somente os largos ombros o denunciava.

  Com o passar do tempo,  já nem atendia pelo seu nome de batismo. Respirava aliviada(?) sabendo que não iria morrer pagã.

  Jaquellyne um dia até pensou que estivesse grávida. Podia até não parecer, mas tinha muita fé, aquela criatura.

                                                               
         Nome Palavra

Considerações Iniciais

O intuito de criar esse espaço é inicialmente fomentar a produção literária, divertir e entreter. O Blog servirá também como exercício da escrita.
Nele trataremos, sem nenhuma obrigação estética, censura ou preconceito, de assuntos ligados a sexualidade (outros temas poderão ser livremente abordados).
As pessoas que quiserem e se sentirem à vontade em postar nesse blog, podem enviar seus textos para: contosdearcoiris@gmail.com , este e-mail servirá de moderador para as postagens no blog. Dentro do e-mail você dirá se quer que o texto seja postado creditando quem o escreveu.

Uma boa leitura!!!

                                                                      Nome Palavra